Livro 03 - Mulheres de Cinzas (Mia Couto)


Sinopse: Final do século XIX, a época em que Moçambique era governado pelo último líder do Estado de Gaza, e o Sargento Português Germano de Melo é enviado a um pequeno vilarejo, para lutar contra o imperador, que ameaça acabar com a era colonial. É nessa povoado que Germano conhece Imani, uma jovem de 15 anos que servirá como sua intérprete, uma vez que aprendeu a falar Português. Imani tem dois irmãos, cada um lutando de um lado da guerra, e ao mesmo tempo em que se envolve com ele, deseja envolver-se na guerra, mas vai aprender que num pais assombrado pelas guerras, o papel das mulheres é passar desapercebida...

O que eu achei: ganhei esse livro de presente de Natal e foi uma mudança bem grande das coisas que costumo ler, uma vez que é um livro bem mais maduro. Mas certas mudanças são muito positivas e eu acabei por me encantar pela história... A narrativa é africana, sem tradução, claro, então a gente encontra algumas grafias e vocabulários que, em um primeiro momento, soam estranhos, mas nada que incomode a leitura. Os capítulos intercalam o ponto de vista de Imani e cartas escritas por Germano para um oficial superior. Fiquei completamente apaixonada pelo ponto de vista da Imani, cheio das tradições, mitos e lendas moçambicanos. A parte dela era mais simbólica, meio mágica e deliciosa de ler. Os capítulos do Germano eram mais técnicos, igualmente importantes, mas menos agradáveis. A história se desenvolve lentamente no começo, mas antes da metade já começa a pegar ritmo e chega um determinado momento que não dá pra largar... É uma leitura densa, o Mia Couto é bastante detalhista nas descrições - de ambientes, de pessoas e de situações - então nem sempre é fácil, mas é uma leitura que vale a pena. O livro é o primeiro de uma trilogia, então, sim, o final nos deixa com vontade de querer saber mais...

Recomendo: sim! Esse livro é para um público diferente daquele que lê a maioria dos livros que eu coloco aqui (alunas, queridas, que me visitam, ainda é meio cedo pra vocês), mas para quem curte leituras históricas, mesmo que sejam densas, é um prato cheio!

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